Alice no país da dança


Pela cidade,
os arautos do medo
tocam as trombetas do apocalipse.
Apregoam a desesperança.
Pobre Alice!
Sem país de maravilha,
Nem é mais criança.
Cruza com os trôpegos,
faz um muxoxo
e ainda dança!
Ao som patético
da insólita banda,
rebola a bunda,
rebola, com seu
biquíni “fio dental”.
Torce o nariz,
faz um afago,
aquece o quase morto,
toma mais um trago,
atiça a cobiça
do velho imortal!!
Sorri da sorte,
desafia a morte e,
sem ilusão,
transforma a marcha fúnebre
em canção!
Na mão um “Big-Mac” e Coca-Cola.
Na pele os tons do sol!
Alice, como todas,
como tantas...Sem sonhos e sem medos,
Sorri com escárnio,
da desesperança!
Deixa para traz os sons
das trombetas e,
sem planos, segue em frente.
Carregando apenas sua
Necessária juventude!
Alice semente...
Canta e dança!

Alexandre Santos / 1986